terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Ora então... os votos para 2009!

Marcos Muthewuye


Para todos os intervenientes das Artes Visuais deste país um Feliz 2009.

Que seja mais um ano em que possamos ter produção e debate mais alargado sobre as artes visuais. O MUVART continuará firme com as suas actividades e em breve estará à disposição de todos a programação para 2009"
Jorge Dias

Ver o que outros andam a fazer

Conheço o Manuel Santos Maia. Nasceu em Nampula, vive no Porto (Portugal) e tem um trabalho todo virado para as memórias de Moçambique colonial.

O seu trabalho em vídeo
Alheava foi premiado em Casablanca no FIAV 08 (Festival International D'Art Video de Casablanca)



"O registo videográfico do filme Alheava assume este paralelismo entre a vida política e militar e a vida privada. Com um enfoque predominante sobre o palco de guerra revela o facto de militares portugueses que vão combater em África estarem alheados da vida nas colónias e de colonos se encontrarem igualmente alheados das movimentações militares e políticas. Realizado a partir de excertos de filmes feitos pelo pai na província de Nampula, este registo videográfico contém também a história da família em Moçambique e a caracterização pessoal da própria região."

Podem dar uma vista de olhos pelo restante trabalho do artista através do seu blog.
Jorge Dias

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Queha na anual do MUSART e outras tertúlias




Na quinta feira dia 17, por volta das 20h o Zé Teixeira ligou-me e queixou-se de não me ter visto na inauguração da importante exposição de artes plásticas, a Anual do Museu Nacional de Arte em que ele foi um dos membros do júri. Gilberto Kossa, Victor Sala, Alda Costa e Otília Aquino foram os outros membros do júri. Justifiquei ao Zé que foi pela trapalhice de compras porque iria oferecer no dia seguinte um jantar a uns amigos em minha casa. Coincidentemente um dos convidados seria o Jorge Dias, o curador do museu e da referida exposição.


O dia seguinte (sexta-feira), começou agitado porque tinha que dar entrada no Ministério da Educação e Cultura de um documento urgente que não podia passar para outra semana. Na rua, o sol estava escaldante e o movimento intenso de sexta-feira era ainda mais intenso pelo facto de estarem próximas as festas do Natal. Muito tráfego, lojas cheias de pessoas comprando presentes, filas enormes nos bancos, vendedores ambulantes com árvores de natal por todo lado. Maputo típico...


Nathan - 1º Prémio Pintura Anual Musart 2008

Por volta das 11h40m estacionei o carro e dirigi-me ao Ministério da Educação e Cultura para tratar do referido documento. Pelo caminho cruzei-me com um amigo jornalista com quem troquei saudações e que também se queixou de não ter-me visto na inauguração da anual do museu. Acabada a minha justificação ele conta-me, sem muitos detalhes, um episódio ocorrido no evento. Poucos minutos depois de se ter anunciado o resultado dos vencedores dos prémios, o Queha, artista participante e vencedor de alguns prémios artísticos na praça, retirou, em pleno acto cerimonial de vernissage, o seu quadro da exposição, levando-o consigo para fora do Museu.
Fiquei intrigado com a notícia, mas também muito curioso. Fui reflectindo sobre o que teria motivado o artista a tal atitude. Protesto de injustiça pela atribuição dos prémios? Reivindicação de um prémio que supostamente mereceria? Pura rebeldia? Uma performance? Enfim…

Pekiwa - 1º Prémio Escultura Anual Musart 2008


O dia foi correndo e já eram 14.30 hora marcada para a reunião do Muvart, sugerida pela Dra. Alda Costa, com o Francês, Jean Digne, presidente do Hors Les Murs, um centro nacional de recursos das artes da rua e das artes da pista (circo). Criado em 1993 pelo Ministério da Cultura Francês, este centro tem por missão observar e acompanhar as práticas artísticas que acontecem fora de muros através de actividades de informação, documentação, formação, avaliação, estudos e edições. O Jorge e o Marcos estariam na reunião e pensei aproveitar a ocasião para clarificar o episódio da anual. O facto foi confirmado mas os motivos do acto permaneceram no segredo do autor. Os comentários em torno daquele acontecimento levantaram um debate em volta do tema que eu classificaria como assunto de responsabilidade artística. Se não vejamos:

Há um ano, ou melhor, no ano passado foi posto em funcionamento, talvez em regime experimental, um novo modelo da anual MUSART para atender a uma tensão da opinião pública que reivindicava o evento mais digno com um projecto curatorial interessante e didáctico.

O modelo utilizado, que não atribuiu prémios, consistia em organizar a anual de 2007 através de convites particulares dirigidos a artistas que, segundo a curadoria constituída por José Pimentel Teixeira e Maria Elisa Chim, apresentavam uma produção inédita no sentido inovadora.

Gonaçalo Mabunda - Anual MUSART 2007
Na minha opinião o novo modelo tinha respondido em grande parte à missão do Museu e também a reivindicação da opinião pública “…agora sim, nós queremos referências de boas coisas para evoluirmos. O Museu não pode ser uma galeria para soluções económicas dos artistas. Projectos paternalistas são no Núcleo…" Este foi o comentário de um artista jovem acabado de ser formado pela ENAV.

Do júri da anual deste ano fizeram parte, curiosamente, os directores da ENAV e do NÚCLEO DE ARTE, assim como José Teixeira um dos curadores do anterior modelo experimental; Julieta Massimbe, directora do Museu, e Jorge Dias, o curador do Museu, aprovaram, por sua vez, o regresso ao anterior modelo ou tal não teria acontecido.
O que aconteceu? Como podem as mesmas pessoas que defenderam e promoveram o novo modelo estar hoje a assinar o regresso ao modelo anterior? Que justificação têm para este acto?

A única tese de Doutoramento em História de arte de Moçambique, de Alda Costa feita em 2005, tem um título moderador: Arte e Museus em Moçambique-Entre a construção da nação e o mundo sem fronteiras. Será que a situação descrita acima pode ser legenda com este título, ou estamos perante uma vertigem total de responsabilidade artística?

Berry Bickle - Anual MUSART 2007

A atitude do artista talvez não seja a politicamente mais correcta e responsável neste projecto, mas é sintomática de enfermidade grave. Esta falta de coerência por parte da organização só pode irritar os concorrentes. O artista foi convidado a concorrer para um prémio. Não tendo ganho retira-se do jogo, porque o próximo jogo é outro jogo e deve ter outras regras.

A reunião do Muvart com o Francês, uma conversa de troca de experiências ao nível de percursos e sistemas de gestão artística moçambicana e francesa, foi muito frutuosa e saudável para ambos os lados. E o Jean Digne fez um comentário, a propósito da sua impressão sobre a cidade de Maputo, que achei interessante, por isso queria partilhar convosco.

Jean Digne disse que não sentia estar em África. Sem pretender comparar Maputo com o ocidente, exemplificou o seu comentário, mostrando-nos, de dentro da montra do café Continental, os vendedores ambulantes que vendiam árvores de natal. “Nunca vi isso em África e não é a ideia que temos de África… Mas também tivemos na Europa o caso da Suíça que sempre julgamos não ter identidade embora, hoje já não digamos isso… Também estou intrigado, por exemplo, com o facto de estar aqui a conversar em francês com moçambicanos e não ser contestado e conotado como pregador da minha cultura ocidental, como habitualmente me tem acontecido noutros países africanos que visitei...”


Finalmente a sexta-feira chegava ao fim e aproximava-se o jantar que mencionei no início do texto. Aconteceu com uma Mucapatada (prato Zanbeziano) preparada pela Élia (etnicamente Machope), e rabanadas de sobremesa feitas pela Elisa Santos (portuguesa). Muita conversa com o Luis Abelard, a sua namorada Conceição, a Elisa, a Nelma de Sousa, o Jorge Dias e Taila, minha filha de 1 anito e meio.


Montagem Anual MUSART 2007


No meio da tertúlia, em que o assunto da Anual não deixou de estar presente o Jorge traz a notícia extraordinária da jovem (artista?) brasileira que foi presa durante mais de 50 dias por ter pichado as paredes do edifício onde ocorria a Bienal de São Paulo.


E vale a pena ler aqui os motivos e a discussão em torno deste acto que terá sido mais mediático do que o do Quhea na anual do MUSART

Sábado 20 de Dezembro de 2008
2h51m madrugada
Gemuce

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

"Maputo: A tale of one city"








Gemuce


Depois da Arte Lisboa um outro convite internacional, envolvendo elementos do MUVART e não só, ocupa os nossos dias.


Na Galeria IKM em Oslo de 20 de Fevereiro a 5 de Abril do próximo ano estarão obras de Ângela Ferreira, Berry Bickle, Gemuce, Lourenço Dinis Pinto, Emeka Okereke, Rafael Mouzinho e Mauro Pinto na exposição "Maputo: a tale of one city"












Lourenço Pinto

Se por um lado esta notícia é reveladora do interesse pela produção contemporânea de artistas de origem moçambicana, o facto de o Museu Nacional de Arte Design e Arquitectura da Noruega ter já agendada (e contratada!) a circulação nacional desta exposição para o período de 1 de Set de 2009 a 1 de Nov de 2011 é uma oportunidade para analisarmos a forma como se pode trabalhar a cultura.







Mauro Pinto



É uma oportunidade para reflectirmos sobre o profissionalismo, a seriedade e o compromisso que são exigidos a todos os agentes envolvidos: dos curadores aos artistas, dos directores dos espaços (sejam museus, galerias ou feiras) aos produtores.

E nós? Estamos preparados? Queremos estar? Como o vamos fazer?

sábado, 13 de dezembro de 2008

Ver o que outros andam a mostrar


Sacrificed
Elizabeth Nell é uma das artistas que se encontra no site da DEITCH.
Eu gostei e recomendo.
Jorge Dias