domingo, 11 de janeiro de 2009

Ver o que outros andam a fazer

Esperança para 2009: Precisa-se!


Edward Said (1935-2003)



A Orquestra Sinfónica West-Eastern Divan, foi criada em 1999, é constituída por jovens músicos egípcios, israelitas, jordanos, palestinianos. Esta orquestra foi o último sonho do palestiniano Edward Said e é concretizada diariamente pela alma gémea de Said, o judeu Daniel Barenboim, um dos grandes maestros do século XX que também foi alma gémea da ideia e do projecto, hoje gerido pela Barenboim-Said Foundation.


The Divan is not a love story, and it is not a peace story. It has very flatteringly been described as a project for peace. It isn't. It's not going to bring peace, whether you play well or not so well. The Divan was conceived as a project against ignorance. A project against the fact that it is absolutely essential for people to get to know the other, to understand what the other thinks and feels, without necessarily agreeing with it. I'm not trying to convert the Arab members of the Divan to the Israeli point of view, and [I'm] not trying to convince the Israelis to the Arab point of view. But I want to - and unfortunately I am alone in this now that Edward died a few years ago - and...I'm trying to create a platform where the two sides can disagree and not resort to knives."cope with the other." Daniel Barenboim

















Em Israel, há pouco tempo, o maestro atreveu-se a interpretar Wagner. Explicou porque o fazia e, na sua terra, viu metade da sala sair. A música impôs-se e Barenboim, conhecido wagneriano, continuou e permitiu que saísse quem quisesse.

Este vídeo é de Londres, dos Proms, e nele a Orquestra Divan interpreta a abertura dos “Mestres Cantores” (um excerto). Barenboim, no final do concerto, imediatamente antes do "encore" dirige-se à assistência londrina dizendo: "não irei falar sobre o que que está mal no Médio-Oriente, porque acabarm de ouvir o que está bem no Médio-Oriente” e aponta para a “sua” orquestra.



7 comentários:

Anónimo disse...

Palavras sàbias do maestro Bareboim, nem imagino o que, talvez nuns segundos, tenham pensado os responsàveis pelo que està mal no Médio-Oriente. Aqui, pode se dizer que a arte, na pele da sinfonia, conseguiu fazer com que se apercebesse uma das riquezas riquezas de um povo, que costumam resistir à muitos conflitos.
Acho muito interessante o que se faz neste blog, tentar trazer informaçöes relaccionadas com a arte no geral.
Um forte abraço para todos.

Félix.

Anónimo disse...

oi Felix
é a segunda vez que te vejo por aqui. que tens estado a fazer. nos mada notícias suas e do teu trabalho.
um abraço
jorge dias

Anónimo disse...

Boa noite Mestre Dias,
A intençao de escrever para este blog é exactamente a maneira que achei de vos dar noticias minhas.
Deste lado de cà està tudo bem, mas os estudos näo me proporcionam muito tempo para estar sempre em contacto com vosco. E como estou num ano diploma o tempo se torna mais apertado ainda.
Quanto ao meu trabalho, primeiro devo lhe dizer que na qualidade de estudante, ele se apresenta em forma de pesquisa, exigem nos muitas proposicöes de criaçöes plàsticas, de seguida nos indicam o que é interessante e nos acompanham na materializaçäo. do momento acho näo ser oportuno publicà-lo, mas espero um dia poder enviar so para si, pois, ia adorar ouvir o seu ponto de vista.
Confesso-lhe que estudar artes plàsticas näo é aquela festa que eu imaginava. A teorizaçäo é muito privilegiada, o que nos obriga a termos que ler até pensarmos que estamos a fazer literatura. Quando formou-se também foi assim?

Até breve.

Um forte abraço.
Félix

Anónimo disse...

é assim mesmo. bastante teorização. aproveita que estas num meio de academicos porque podes passar bastantes horas a debater, conversar, teorizar... sobre arte.
infelismente quando se chega aqui em maputo na vida profissional, temos poucas pessoas interresadas a debater sobre a crialção e outras coisas mais da arte.
este meio é carrente nisso. as poucas pessoas (intelectuais) da arte, tem dificuldade em aceitar um debate coerente sobre pontos de vista, criação, linguagem... essas coisas.
vivemos ainda numa falta de senso, falta de aceitação pelo diferente e ditadura do conhecimento. as pessaos aqui ainda se agaram no que aprenderam nos livros e publicações arcaicas da arte.
"novo pra quê?" É o que deve vir nas cabeças daqui.

mas vai em frente. quando voltares a Maputo teras pelo menos uma menoria que vai te compreender e assim poderemos "mudar este mundo"
um abraço
jorge dias

Anónimo disse...

Muito obrigado pela força, mas na verdade, desde muito sempre soube e me orgulhei por voçê, profs. Gemuce, Marcos até mesmo Xikhossa, pelo esforço que têem empenhado para dar um outro rumo à arte moçambicana.
Gostei muito de ler uma entreviste que o Sr. Dias deu em Portugal, esqueço me do ano, a falar do estàgio da arte moçambicana, fiquei impressionado.
Concordo consigo quando diz que as pessoas ainda se agarram aos livros artisticos arcaicos, para mim isso é reflectido pelas obras que a maioria que diz conhecer a arte privilegia.
Eu acho que pela carência da informaçäo, a maioria dos artistas moçambicanos ainda vê as suas obras como se fossem simples objectos economicos, dotados de um valor simplesmente do mercado.
Um artista tem que acompanhar os passos que a arte dà, no geral, e ser capaz de ''formatar'' as mentes e a sensibilidade dos apreciadores para a nova realidade. Tudo evolui e a arte näo està num estado fossilizado.

Bom, näo posso me alongar mais. Näo sei se é por falta de condiçöes e ou tempo, para o nùmero dos artistas que existem em Moçambque, é triste a falta de participaçäo aqui neste blog, sobre tudo para a ùltima postagem. Talvez seja melhor os debates continuarem ao vivo no Museu.

Um forte abraço Sr. Jorge.

Anónimo disse...

não me chames de sr por favor. Jorge Dias esta muito bem.

arte é vida (pelo menos acredito que seja assim)
a falta de participação neste blog, pelo menos por parat edos artistas se deve pelo facto de muitos deles não terem acesso a este meio.

existem outras razões muito mais tristes. a falta de interrse e a dificuldade que tem em se distanciarem do seu trabalho para produzirem uma teoria sobre ele.
tenho estado com muitos artistas novos aqui e que são verdadeiras promessas. seu trabalho é bastante actual, mas nas condições que encontra este pais não vão poder caminhar muito. viver na periferia é dificil, mas viver na carencia e vontdade de crescer é pior ainda.

acredito que todas as formas de trabalho que sejam para crescer e melhorar são válidas. este é um meio mais silencioso mas que tem o seu impacto. em silencio talvez ouvimos mais o que dizemos e o que pensamos. os debates no Museu tem a sua importancia e não devem parar. continuaremos a programar mais encontros lá.

o Marcos esta a fazer um trabalho muito actual e bom. mas tem pouca visibilidade aqui e fora de Moçambique. esta com uma participação neste blog que vou te contar..." precisamos de mais Maarcos para se mostrarem".

a arte que se faz em Moçambique é de boa qualidade e não deve nada para ninguem. não quero ser nacionalista falando desta maneira. simplesmente quero dizer que precisamos olhar mais para o que estamos a fazer e estudar o que esta feito. porque infelismente temos ainda pouca coisa sobre nós produzida aqui. e nada sobre nós produzida fora daqui.

estamos a trabalhar para que esta realidade venha a mudar.

um abraço
Jorge Dias

Anónimo disse...

Muito obrigado pela autorizaçäo JORGE DIAS,

Deve saber que pela nossa tradiçäo, uma vez Sr. Professor, sempre Sr. Professor.
Fico motivado por ouvir que existe uma vontade de crescer por parte dos artistas. Triste é saber que esse esforço esteja sendo sufocado pela relacçäo que o estado ainda tem com o seu povo, sem querer entrar em detalhes.
Mas eu acredito que as coisas väo melhorar. Disse um sàbio que: ''O gotejar näo fura a pedra por causa da sua força, mas sim pela acçäo continua que exerce sobre ela''.

Na verdade tenho adimirado a força da vontade que o Movimento da arte contemporânea em Moçambique tem de mudar o panorama da arte em Moz. O que talvez näo seja täo fàcil, pois, uma produçäo empirica, amor e fidelidade à arte clàssica, onde se primava mais a técnica e näo a criaçäo, näo ajudam muito na reflexäo para uma criaçäo contemporânea.
Se a arte contemporânea é também considerada o reflexo do pensamento contemporânea, entäo porquê nos basearmos na visäo dos artistas e criticos clàssicos, tendo em conta os séculos que nos separam e tudo quanto o homem conseguiu evoluir?

Um abraço
Félix Mula