sexta-feira, 21 de novembro de 2008
ARTE LISBOA 08
Prof. Cavaco Silva no Stand MUVART
terça-feira, 11 de novembro de 2008
CAPE África - Debates a fazer
Referências, identidades e preconceitos
"Eu sou inteligente porque venho de África e não porque sou africano."
Bento Carlos Mukesswane
Um dos grandes desafios do Movimento de Arte Contemporânea de Moçambique - MUVART ao longo do exercício das suas actividades, tem sido a difusão do seu manifesto pelo público, a sua tradução nas curadorias que faz, na produções dos seus membros ou mesmo do seu posicionamento político.
Estas algemas não estão somente nas cabeças dos africanos, permanecem um pouco por todo o mundo. É um desafio de todos e só ganha aquele que se tiver libertado. A minha paixão particular sobre arte contemporânea reside também nesta liberdade preconizada na sua estética. Entende-se que a necessidade de valorização da identidade "folclórica" seja importante, mas não se pode confundir com o sentido funcional da dinâmica de um movimento artistico global. Se percebermos e aceitarmos que a linguagem contemporânea ou conceptual, não pertence ao ocidente mas sim ao universo percebemos que o processo de libertação já está em curso. África só pode ter identidade nesta dinâmica se poder participar activamente nela. Aliás, África é uma referência e não uma identidade. Não estou com isto a propor esquecimento das tradições, antes proponho que se faça uso do que possa ser necessário para funcionar hoje, para todos, se for o caso.
CAPE África
Debates em Maputo -Rua D'Arte - Nov 2008
The need for an open and broad discussion and public promotion of the results of this and other issues is the objective of the debate session’s promoted by the Cape African Platform.
Maputo and Luanda were the chosen capital’s for the debate session’s, consisting of open workshops for artists and the general public.
In the spirit of the continuity and future contribution, here is the intervention by the artist Gemuce from the Cape Africa session in Angola.
Bento Carlos Mukeswane
One of the greatest challenges for the Movimento de Arte Contemporanea - Muvart throughout its practice has been to make its manifesto known to the public, its translation into curator-ship practices, artistic production and political positioning.
The statement ‘we don’t want to be a traditionally stagnated Africa’ has been interpreted through critical observations by some people has a betrayal to the African cultural values.Contrary to this, the Muvart discourse is intended to promote African Cultural values up to Human Values by which changes of mentality would open and free us from prejudices in an ongoing strength of cultural movement.
domingo, 9 de novembro de 2008
MUVART na Arte Lisboa 08
O Muvart agradece às entidades que apoiam a sua presença na Arte Lisboa 08.
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Expo Arte Contemporânea Moçambique' 08
O Museu Nacional de Arte em Maputo tem patente até 16 de Novembro a Expo Arte Contemporânea 08.
Aqui fica um excerto do texto do curador e imagens de algumas das obras expostas...
Ulisses
A toca do rato
Esta visão mutiladora da censura, constituída por intelectuais, políticos, académicos e gestores culturais que se vive aqui, empurra o artista para o esquecimento, ou a opção do artista em não mostrar o seu trabalho a diferentes públicos, privilegiando o seu espaço familiar para fazer circular a sua produção, tem impedindo que possamos ter um espaço competitivo mais dinâmico e democrático nas Artes Visuais em Moçambique."
Jorge Dias - Curador
Marcos Muthewuyequarta-feira, 5 de novembro de 2008
“O Estágio da Arte: Fragilidade na Estrutura da arte na África Austral”
Maputo recebe “O estágio da arte: Fragilidade na Estrutura da arte na África Austral” ciclo de debates promovido pela CAPE AFRICA PLATFORM e que traz a Moçambique convidados do Botzwana, Zâmbia, Angola e África de Sul, para encontros abertos aos criadores moçambicanos e ao público em geral.
Programa
dia 07/11
10:00 - Visita Guida Museu Nacional de Arte
17:00 - Debate na Rua D'Arte
dia 08/11
18:00 - Debate Centro Cultural Franco Moçambicano
No final de cada debate haverá uma sessão musical com o grupo Timbila Muzimba
Antecedendo a CAPE09 (Bienal de Arte da Cidade do Cabo) que se realizará em Maio próximo ciclos de debates e plataformas de workshops decorrem em Maputo e Luanda. Equipas de artistas estão já nas duas cidades realizando pesquisas locais, organizando programas de residências sobre questões relacionadas com a arte e as realidades da produção artística.
Os resultados destas pesquisas juntamente com as opiniões e visões colhidas nos debates a realizar, incorporarão a exposição CAPE09, de forma a apresentar a energia artística e a diversidade cultural da África contemporânea de forma inovadora e experimental. Esta atitude pretende ligar culturalmente o sul de África, através do cruzamento das diferenças socio-económicas, culturais e geográficas de forma a atrair novas audiências entre os jovens e as comunidades anteriormente consideradas em desvantagem.
Em Maputo o evento conta com as parcerias do Muvart e do Museu Nacional de Arte de Moçambique e com o apoio do Centro Cultural Franco Moçambicano.
domingo, 2 de novembro de 2008
Expo Arte Contemporânea Moçambique’ 06
Berry Bickle
Até ao final dos anos 80 a estrutura da arte que se formou em Moçambique, apoiou e incentivou um grande número de artistas que produziram a pintura de cavalete, escultura de talhe, o desenho, a gravura e a fotografia. Estas produções pautaram por narrativas nacionalistas, sociais, culturais e todas as preocupações que de certa forma estavam presas à questão da forma. A crítica e a censura da arte vieram antecipar a produção, adoptando uma estratégia de repressão e direcionismo, a qual acabou por ditar uma determinada estética e conceito de arte em Moçambique.
O sistema implementado nas artes plásticas foi partilhado por grande parte dos artistas que em muitas das vezes eram incapazes de questionar as imposições que lhes eram colocadas. Este cenário foi responsável, com decorrer do tempo, por construir uma estética muito particular com características próprias. É uma produção que soube cruzar aspectos da tradição, da antropologia, da sociologia, do secretismo religioso e das ideologias partidárias em prol de uma estética e linguagem específicas, as quais classificamos hoje de escola da pintura e da escultura Moçambicana. Esta produção forneceu durante algum tempo orientação estética e ideológica para novos artistas.
Os artistas que buscavam neste período outros caminhos, dificilmente encontravam visibilidade e reconhecimento por parte do circuito. É na década de 90 que o cenário começa a dar sinais de mudanças. Em 1994 surge a Cooperativa de Arte Feliz como um grupo de artistas que tinha uma intenção de trazer uma estrutura diferente de intervir no circuito e propor uma produção que confronta com as estéticas aceites. Ficam-se em torno da experimentação da cor, da forma, do gestualismo, das preocupações pessoais e das narrativas líricas.
Mas é nos últimos 4 anos que mudanças profundas nas artes visuais a nível de gestão, teorização e produção começam a acontecer e a trazer resultados a nível de arte contemporânea, uma profunda e sincera reflexão em torno da questão da arte. O Movimento de Arte Contemporânea de Moçambique (MUVART) implementa uma forma diferente de gerir e fazer arte em Moçambique. Foram desenhadas e implantadas novas estratégias de integração e de organização de exposições de forma a responder às diferentes práticas artísticas existentes, dando espaço numa primeira fase a abordagens diferenciadas das tradicionais pinturas e esculturas. As produções que o MUVART propõe devem responder a um pensamento único na forma de produzir e agir sobre a nova realidade.
Como uma das estratégias para a implementação do projecto MUVART, está a criação desta exposição que se pretende realizar de 2 em 2 anos. A primeira edição da Expo Arte Contemporânea Moçambique 2004, abriu espaço para artistas novos que tinham um trabalho que reflectia uma procura em torno de novas linguagens. Teve um carácter essencialmente didáctico. Para além de Moçambicanos, contou com a participação do grupo percursos do Rio de Janeiro – Brasil, e com artistas convidados da África do Sul, Espanha, França, Portugal, somando uma totalidade de 37 artistas de 7 países.
Nesta edição foram convidados alguns artistas que têm um trabalho diferenciado e que mostraram um certo crescimento e maturidade. Participam 30 artistas de 9 países nomeadamente: Moçambique, Guiné-Bissau, Zimbabué, Argentina, Brasil, E.U.A., Portugal, Espanha e França. Este ano contamos com a participação especial do Ídasse, com um trabalho virado para o erotismo.Os artistas do Rio de Janeiro, Brasil - Atellier 21, constituído por Isa Bandeira e Raquel Trindade se juntam aos artistas Adilson Barbosa, Suzi Coralli, Rafael Vicente.De Portugal vieram dois grupos; o SENHORIO do Porto com Carlos Pinheiro, Nuno Sousa, Marta Bernardes e Mónica Faria. Este grupo foi criado e motivado pela necessidade de encontrar um espaço de trabalho e de discussão para além da escola e do circuito comercial. A actividade do Senhorio tem-se manifestado principalmente na publicação de Fanzines. O segundo grupo é o Laboratório de Actividades Criativas (LAC) de Lagos, Algarve, representados por Jorge Rocha e Susana de Medeiros. O grupo tem funcionado numa cadeia desactivada e têm desenvolvido actividades como dança, musica, artes plásticas, vídeo e funciona com uma biblioteca. Está virado essencialmente para artistas que vivem e trabalham em Lagos.
Há uma apresentação maior de trabalhos de vídeo-arte, vídeo-instalação e vídeo-performance. Linguagens que são de certa forma experimentais entre nós. De Moçambique o destaque vai para o Gemuce porque vem desde 2003 desenvolvendo o seu trabalho nesta direcção, criando vídeo-instalações, cruzando a escultura, pintura e objectos com a tecnologia do vídeo.
A fotografia reaparece em Moçambique com “caminhos novos” buscando acima de tudo uma imagem optimista, descontraída e alegre. Seja dentro do fotojornalismo, foto-documentário ou fotografia antropológica. É uma das categorias das artes que mais cresce em Moçambique. Mauro Pinto, Alexandre Santos, Rui Assubuji e Tomás Cumbana, são fotógrafos que se situam entre o chamado fotojornalismo e a fotografia artística.
É de realçar que um novo grupo de artistas Moçambicanos nomeadamente: David Mbonzo, Rafael Bordalo e Tembo Dança, juntamente com os mais experientes Anésia Manjate e Mudaulane, são convidados para esta exposição porque tem vindo a desenvolver trabalhos que trazem um questionamento pertinente no debate da arte.
A escolha destes artistas representa e reflecte uma mudança de intervenção no espaço das artes visuais em Moçambique, que vem conhecendo alterações profundas a vários níveis, o que é fértil para novas e continuadas mudanças. Com a realização desta exposição acreditamos que o MUVART dá MAIS UM PASSO importante na implementação da arte contemporânea em Moçambique.
Dois anos volvidos, desde a realização, em 2004, da singular e bastante concorrida exibição, apostamos agora na 2ª edição da Expo Arte Contemporânea Moçambique.
José Pimentel Teixeira (DAA-UEM/IPAD)